De volta à adolescência?

Quando mais nova, infelizmente, eu tinha um defeito grave: me metia em tudo quanto era intriga. No afã de "buscar a verdade" eu falava pelos cotovelos tudo que tinha ouvido. Dedava quem tinha traído quem, quem se drogava escondido, sem checar muito bem as fontes, apenas acreditava no que ouvia. Um comportamento terrivelmente típico de adolescente. Os anos foram passando, eu fui amadurecendo, virei jornalista ( aprendi a importância de se checar as fontes) e passei a entender que nem sempre a verdade é a melhor saída. Tem gente que não quer saber da verdade. Há verdades que não precisam ser ditas. E há coisas nas quais você simplesmente não tem que se envolver.

Hoje pago para não entrar numa intriga. Só entro quando não tenho outra opção ou quando me colocam nela sem que eu saiba. Ontem, meia-noite, quase chequei meu RG para ver se eu realmente já estava perto dos 30 ou se tudo não passava de um sonho e eu na realidade tinha apenas 16.

Hoje, junto com um calor infernal começaram meus enjôos. Passei o dia com o estômago revirado, embrulhado e ao mesmo tempo com fome. Alguém consegue entender? Dizem que são sintomas da gravidez... Tomei sorvete, não passou, comi arroz ( integral) com ovo, mas também não adiantou.
Eu não sei, achei que fosse escapar de certas coisas, dos lugares-comuns da vida, inclusive na gravidez. Sempre me vi acima de certas "banalidades" e fricotes. Achei que não fosse ficar só pensando - e falando - nisso, que minha vida não mudaria nem um tiquinho, que eu seria moderna, descolada, desencanada e sublime. Da onde foi que tirei essa idéia? A cada dia e semana dessa gestação me descubro deliciosamente ordinária. Reles mortal, igual a qualquer um. Com todos os medos, questionamentos e sintomas.
Pensei inclusive que fosse ficar mais inspirada ( "quando estiver grávida vou escrever meu livro"). Mas quem é que consegue ser criativo com esse turbilhão de hormônios te virando do avesso?