Meu Novo Cotidiano

Em eterna metamorfose, jornalista, professora de inglês e série-maníaca à procura de seu lugar no mundo. Por ora, aqui, me preparando para o maior desafio de todos: ser mãe!

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

VAZIO CULTURAL
Como é que me proponho a fazer um guia cultural se minha vida nunca foi tão culturalmente vazia? Se não tenho tempo nem companhia para assistir ao filme que tanto esperei, ou ir ao show do meu cantor predileto?
E desde quando passei a precisar de companhia?
Que merda de qualidade de vida é essa, se não consigo fazer as coisas que mais me dão prazer? Se não consigo alimentar minha alma, enquanto meu corpo também padece como nunca antes aconteceu. E as noites mal dormidas me assolam com tanta ou mais freqüência que nas noites em Sampa?
E a falta de romantismo continua a se instaurar cutucando fundo no meu coração. Logo eu, que sempre sonhei com cavalos brancos e grandes emoções. Logo eu, sagitariana típica e intensa?
Alguém há de morrer de desgosto ao ler este post. Mas se eu não o escrevesse, quem morreria seria eu. Escrevo para mim e por mim, apenas. Porque essa é a única coisa que posso fazer.
Estou farta das obrigações cotidianas, tenho dificuldade em realizar que para a felicidade existir amanhã, preciso agora me abster de grandes prazeres que envolvam gastos e riscos. O que me sobra? Uma pizza na esquina, um filme na tv, meu seriado predileto, pé com pé na hora de dormir? Sinto muito, mas isso é pouco, muy poco. Pelo menos agora...E a culpa de tudo isso é do Lenny Kravitiz, que vem se apresentar, na cidade maravilhosa ( a qual não visito há exato 1 ano e 5 meses), de graça, em Copacabana. E eu tive meu desejo abortado, mais uma vez, sem sequer manifestá-lo.
"E a culpa é de quem? A culpa é de quem?" já cantava Renato Russo. Ninguém tem culpa de nada, especialmente eu!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

DIA CINZA

Às vezes o meu coração se tinge de cinza sem mais nem porquê. E eu passo horas agoniada, com a alma apertada sem saber da onde vem. Pouco a pouco meus medos mais antigos, meus velhos amigos, resolvem me visitar. Me vejo de novo numa encruzilhada como se agora vencesse o meu prazo para conquistar o que quero e eu apenas comecei a caminhar.
Me questiono, duvido, reluto. E acabo não fazendo nada. Fico prostrada, diante do computador. Arrumando uma excusa melhor que a outra para deixar tudo para amanhã. O dia seguinte logo chega, e como de costume, então já me esqueci. Esqueci de mudar o mundo, esqueci de escrever meu livro, de vender os anúncios, de marcar meu casamento, de estudar para a pós, de ler sobre cinema, de ir na prefeitura...

QUEM DISSE QUE BBB NÃO É CULTURA??

Olha só que coisa mais linda conheci hoje graças ao Jean:

Catavento e Girassol(Guinga / Aldir Blanc)

Meu catavento tem dentro

O que há do lado de fora doTeu girassol

Entre o escancaro e o contido

Eu te pedi sustenido

E você riu bemol

Você só pensa no espaço

Eu exigi duração

Eu sou um gato de suburbia

Você é litorânea

Quando eu respeito os sinais

Vejo você de patins

Vindo na contramão

Mas quando ataco de macho

Você se faz de capacho

E não quer confusão

Nenhum dos dois se entrega

Nós não ouvimos conselho

Eu sou você que se vai

No sumidouro do espelho

Eu sou do Engenho de Dentro

E você vive no vento do Arpoador

Eu tenho um jeito arredio

E você é expansiva

O inseto e a flor

Um torce pra Mia Farrow

O outro é Woody Allen

Quando assovio uma seresta

Você dança, havaiana

Eu vou de tênis e jeans

Encontro você demais

Scarpin, soirée

Quando o pau quebra na esquina

Você ataca de fina

E me ofende em inglês

É fuck you, bate-bronha

E ninguém mete o bedelho

Você sou eu que me vou

No sumidouro do espelho

A paz é feita no motel

De alma lavada e passada

Pra descobrir logo depois

Que não serviu pra nada

Nos dias de carnaval

Aumentam os desenganos

Você vai pra Parati

E eu pro Cacique de Ramos

Meu catavento tem dentro

O vento escancarado do Arpoador

Teu girassol tem de fora

O escondido do Engenho de Dentro da flor

Eu sinto muita saudade

Você é contemporânea

Eu penso em tudo quanto faço

Você é tão espontânea

Sei que um depende do outro

Só pra ser diferente

Pra se completar

Sei que um se afasta do outro

No sufoco somente pra se aproximar

Cê tem um jeito verde de ser

E eu sou meio vermelho

Mas os dois juntos se vão

No sumidouro no espelho