Meu Novo Cotidiano

Em eterna metamorfose, jornalista, professora de inglês e série-maníaca à procura de seu lugar no mundo. Por ora, aqui, me preparando para o maior desafio de todos: ser mãe!

sexta-feira, junho 27, 2008

Amor em minúscula - mais uma dica

O que te leva a escolher o próximo livro de cabeceira? A lista dos mais vendidos? A sugestão de um amigo? O lançamento de um autor que você adora? Não importa qual seja o motivo, você vai concordar comigo que o título e a capa podem algumas vezes motivar (ou desencorajar) a leitura.
Quando acontece assim, sinto como se o livro tivesse me escolhido e não o contrário.
Amor em minúscula me escolheu! Eu tinha visto uma menção a ele em alguma revista, guardei o nome e encomendei para vender na livraria. Quando chegou eu já nem lembrava mais do pedido, mas foi amor à primeira vista. Eu simplesmente tive que levar para casa. O autor, Francesc Miralles, me soôu francês e achei que já era tempo de ler um autor francês contemporâneo.
Ledo e grato engano!
Ao folhear as primeiras páginas do romance tive um sensação inconfundível de estar nas ruas de Barcelona e rodeada de personagens espanhóis. Bingo! Francesc Miralles é um autêntico catalão. A partir daí o que já tinha sido surpreendente ficou ainda mais saboroso. Me encantei com a leveza do livro, a simplicidade das pequenas coisas, o despertar para vida e os pequenos atos que significam o tal do amor em minúscula.
Recomendo!!!!!

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domingo, junho 15, 2008

A relatividade das coisas



Há quase seis anos eu assistia pela primeira vez Lucía e o Sexo, do espanhol - basco- Julio Medem (Amantes do Circulo Polar). O filme foi para mim um divisor de águas, virou minha vida de cabeça para baixo. É, sou influenciável assim! Alguma coisa na protagonista ( Paz Vega) me tocou e sua coragem em assumir os sentimentos sem qualquer pudor me influenciou a tomar a decisão mais insana da minha vida. Como uma das falas da personagem, " aquilo entrou em mim e eu não conseguia mais arrancar de dentro". Saí do cinema segura do que queria e em três semanas eu estava no Rio de Janeiro, sozinha e com a maior dor de cotovelo que já senti.

Por anos o filme me assombrou cada vez que o via na prateleira da locadora. Como se fosse o grande culpado da minha cagada e vê-lo novamente pudesse despertar sentimentos soterrados à muito custo. Eu realmente temia o que ele poderia me fazer sentir.

Ontem, seis anos e um casamento depois, finalmente me senti preparada para assistir sem medo. E que surpresa! Embora o filme seja sim muito bacana, não vi nada de life-changing, nada de extraordinário ou qualquer sinal que me chachoalhasse e se agarrasse às minhas entranhas. E a atitude que antes me inspirara, me pareceu desta vez muito mais um lance de loucura do que de amor.

Assim encerrei minha história com o filme. Acho que vi nele, na época, o que queria ver. Como uma mulher desesperada que vai ler a sorte e encaixa os enigmas a seu bel-prazer. Me arrependi de ter visto novamente. Certas memórias devem ser preservadas, para que se preserve o encanto da vida. Pois assim, um pedaço mágico da minha trajetória perdeu o encanto. Ah, a relatividade das coisas.

PS. Excluindo o seu papel em minha vida, o filme vale cada segundo. A história é contada em partes, revelando-se pouco a pouco, repleta de metáforas, coincidências e sensualidade ( há cenas de nudez o tempo todo). A princípio parece não fazer sentido, mas o quebra-cabeças se completa ao final. A fotografia deslumbrante ( uma ilha do mediterrâneo) , trilha sonora excelente e interpretação espetacular de Paz Vega resultaram em muitos prêmios e reconhecimento internacional. Estoure sua pipoca e aperte o play!

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