Alguma coisa acontece no meu coração

Há dias em que eu não me reconheço. Meus sentimentos não me pertencem mais.

Será que essa sou eu na verdade?

Sinto falta de tanta coisa que ainda não vi.

Sinto falta de sentir. Do coração saltando pela boca, das pernas bambas, da falta de ar. Da empolgação contagiante, da alegria constante. Da inquietante espera diante da incerteza.

A paz de espírito que tanto busquei, finalmente encontrada, talvez não me deixe tão em paz assim.

Será que eu preciso viver em permanente estado de busca? Tenho tantas perguntas e nenhuma resposta.

Meu coração anseia por grandes acontecimentos. Meu espírito quer voar longe.

Tenho medo de mim mesma.

Saudade

Com o passar do tempo, passamos a sentir mais saudade de coisas pequenas. Tão pequenas e cotidianas que um dia acreditamos ser eternas, garantidas, vitalícias.
O que eu teria feito se alguém me dissesse, 10 anos atrás, que um sábado de madrugada eu sentiria meu coração doer de vontade de encontrar minhas amigas?
Ou que então eu constataria que não sabia onde qualquer uma delas estava passando sua noite?
Eu riria, explodiria em um discurso sobre o quanto eu tinha certeza que jamais me afastaria delas. Como eu sempre saberia seus passos e os acompanharia.
Mas com o passar do tempo...
O improvável vira estatística. O nunca vira talvez. E a maior parte de suas verdades desaparecem, ou se transformam.
Eu, hoje, sinto saudade das minhas amigas.
Da nossa convivência diária, dos segredos compartilhados, da ausência de julgamentos.
Da maior tolerância, do menor senso crítico. Da efemeridade das brigas.
Saudade de nos trocarmos juntas, uma maquiando a outra. Dos armários partilhados. Do sol nos surpreendendo no meio da noite. Do som alto tocando Legião ou Ben Harper, sempre.
Das descobertas mútuas. Das cagadas prevísiveis, dos fim de noite memoráveis.
Saudade.
De um tempo bom que não volta mais.
Saudade de tudo aquilo que eu vi!