Meu Novo Cotidiano

Em eterna metamorfose, jornalista, professora de inglês e série-maníaca à procura de seu lugar no mundo. Por ora, aqui, me preparando para o maior desafio de todos: ser mãe!

segunda-feira, janeiro 31, 2005

CONFLITO

Sempre fui movida por conflitos internos. Eles eram parte de mim, como um membro ou um órgão vital. E variavam, causas banais como para onde ir no final de semana ou mais ou menos profundas como mudar de vida, parar de beber, me afiliar a um partido político, mudar de faculdade.
Nos últimos meses estou imersa em um grande questionamenrto interno. Dogmático, fundamental, causador de milhares de guerras pelo mundo e que eu nunca pensei que pudesse me atingir. Canso meu cérebro, ás vezes duvido se estou certa, mas meu coração me diz para confiar nos meus instintos e nos meus valores. É o que tenho feito.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

A PEDRA NO MEU SEIO

Cinco dias atrás senti um caroço no meu seio. Assustada, pedi ao meu médico particular, Dr. Juliano Cáceres, que fizesse um exame. Bingo, ele também o sentiu. Dois dias depois fizemos uma visista a uma amiga recém-operada de câncer na? Mama. Era o componente que faltava para que se instalasse o pânico e a paranóia. Nunca fui uma pessoa hipocondríaca, longe disso. Quando tenho algum problema de saúde, procuro resolvê-lo rapidamente e sem grandes dramas.Dessa vez foi um pouco diferente.
Senti medo. Pela primeira vez na vida temi a morte. Encarei de frente a peremptoriedade da vida e me assustei. Nasci sabendo que um dia iria morrer, mas na minha cabeça esse dia só chegaria quando eu já estivesse com o corpo cansado e a mente dando sinais de lentidão. De repente, sair de cena no auge de minha vida não fazia parte dos planos! Fui tomada de um medo real, de uma apego pela vida que eu não sabia possuir.
Hoje fui na gineco, que ao me examinar encontrou não um, mas dois nódulos. Mas tranquilizou-me dizendo que nesta idade eles só poderiam ser uma coisa: cisto, nunca câncer. De qualquer forma marcamos uma mamografia para desencargo de consciência, embora eu já tenha saído do consultório com o direito à vida devolvido.
O que fica disso tudo?
A consciência, agora plena e absoluta, de que inexoravelmente eu partirei. E que quanto mais preparada espiritualmente eu estiver, mais fácil será lidar com tudo isso. Difícil, não? Cada vez sinto mais falta de uma orientação espiritual ( me recuso a dizer religião), mas não consigo me imaginar dentro de nenhum tradição non-sense inventada por aí. Simpatizo demais com a filosofia budista, mas como tenho uma educação cristã, me confundo um pouco com a noção (ou falta) de Deus que eles têm. Eu quero criar my own belief. Será possível? Seguir alguns preceitos budistas, adaptando-os para minha vidinha mediocremente ocidental.
Desde que me mudei para Rib´s o tópico religião tem sido causa de conflitos internos. Meus sogros e cunhada são evangélicos, e tive que me desfazer de todo preconceito na marra. Acabei vendo um outro lado, o que foi bom; mas por outro fico ainda mais atenta aos exageros do fanatismo, e acredito mesmo que não tenha sido feita para me moldar ao cristianismo. Creio na existência divina de Jesus, mas não creio em tantas outras questões bíblicas, isso torna praticamente impossível que eu abra explicitamente meu ponto de vista. Me calo, mas não gosto de me calar. Enfim, são coisas da vida.
Enquanto isso, vou lendo a bibliografiado meu amigo Dalai Lama, que também tem um markting tão bom quanto dos evangélicos, mas que me transmite mais sinceridade, e o principal, não me cobra nada. Nem adesão ao budismo, e muito menos taxa! Me ensina a desenvolver a paciência ( hihihi, coitado) e a compaixão.
Estou tentado!!!

segunda-feira, janeiro 10, 2005

A SAGA
Vinte e sete de dezembro de 2004, dez da manhã. Eu, meu namorido e Bá chegamos esbaforidos na agência de onde sairia nosso ônibus. O destino? Nossa amada Bahia, especificamente na praia de Pratigi, Universo Paralello, um festival de música eletrônica de seis dias. Duas horas depois o ônibus resolve embarcar para a viagem que supostamente duraria 25 horas ( como já se pode imaginar, não foi exatamente assim).
"Ônibus estranho com gente esquisita, eu não tô legal..."
Juliano e Bárbara formaram a minoria dos não-tatuados, grupo escasso também na festa. Com a exceção de dois casais e nós, o resto da turma de vinte e poucos anos estava pra lá de Bagdá querendo dar tudo de si antes mesmo de pisar em território baiano. Um coquetel de drogas e música eletrônica no mais alto volume foi apenas o começo daquilo que seria uma viagem inesquecível. Pra começar, o ônibus quebrou três vezes e a viagem que duraria 25, durou 37 horas. Detalhe básico: sem ar!! Junte a isso umas dez doidas ( e um doido) que não deixavam a gente desligar ou diminuir o volume de trance-enjoativo-psicodélico.
A jornada foi longa e tortuosa, mas enfim chegamos ao nosso destino, ou quase. Fomos pra festa na boléia de um caminhão feito porcos e depois de quinze minutos chacoalhando : universo paralello à vista! Após certo tempo buscando o local ideal para montar nossa barraquinha, encontramos e... não sabíamos o que fazer com ela, quantos pauzinhos enfiar nos 288 buraquinhos ( sem conotação maliciosa por favor), mas graças a Deus já era tempo de começar a se divertir e os anjinhos da gurda trabalharam e nos trouxeram vizinhos-anjos que resolveram nosso problema (desse e de muitos outros dias a seguir). Party time!
A estrutura da festa surpreendeu. Dezenas de restaurantes montados, diversidade de comida, lojinhas, uma mega pista, um chill out aconchegante, duchas e toaletes espalhados pela fazenda de coqueiros, disponíveis para a população de mais de 4 mil pessoas flutuantes.
O cenário paradisíaco e o sol escaldante não deixaram a desejar. Nos sentimos realmente na Bahia e em alguns momentos chegávamos a esquecer que estávamos em um festival. Muita gente bacana, muita gente doida, gringos de todas as partes, topless, nudismo - Rica e sua mulher lindos e nus com direito a foto do flagrante-, acarajé, vegetariana, água, cerveja, vodcka, maconha, e, a, c, z... Tempo de liberar geral e se livrar dos poucos preconceitos que ainda me restavam ( mas existe um que será eterno: pó! Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!!! Prefiro não ver, não ouvir e muito menos cheirar).
O Jú que não é fã de e-music se portou direitinho, mas também abandonei a pista de dança e encarei o festival sob outra perspectiva. Lá concluí que meus tempos de tranceira já eram. As bases repetitivas e psicodélicas me enjoam mais do que empolgam, senti falta de uma balada mais enérgica!
Fugimos no fim de um dia para a vila de pescadores, tomamos ceva gelada pela metade do preço e descobrimos um chuveiro com água doce. Fizemos amigos novos, encontramos velhos conhecidos, antigos amigos tornaram-se ilustres e patéticos desconhecidos.
Devido ao calor infernal e assustador, a barraca só era suportável durante a noite, o que fez com que nos recolhêssemos com as galinhas e acordássemos com os galos. Um dia, ao sermos expulso da cama pelo sol, fomos correndo para a praia nadar e nos refrescar. Depois de horas de sol e praia, bateu um calor violento e uma fome de almoço. Seguimos até a barraquinha mais próxima a fim de checar o cardápio, quando, para nossa surpresa, eles ainda serviam café da manhã. Ao indagar a hora, o susto: 9h30 da manhã!
Por tudo isso passamoa a virada de ano meio sonados, pulei minhas sete ondinhas, mas acabamos dormindo no chill out e fomos realmente aproveitar a partir da cinco da matina. Tomamos nossa única balinha do festival (que por sinal também já era) e curtimos o dia, que acabou em cerveja na pousadinha dos Djs, eu, jú, Bá e Ricardinho. Delícia.
Acordei no dia seguinte com o barulho da chuva, que entrou na barraca e molhou o colchonete. Foi a gota dágua. Encaramos um caminhão, dois ônibus e um barco para chegar em Barra Grande. Valeu a pena! Cidade bacanex, cheia de lojinhas, bares e restaurantes transados, além de uma praia linda. Conseguimos uma pousadinha por um preço justo e uma cama macia + chuveiro quente com água doce que foi o melhor presente que poderíamos ganhar. Os banheiros da festa mereciam um capítulo à parte, mas vou poupá-los, porque senão passarei a impressão errada de que reclamei mais do que me diverti.
Depois disso tudo, caminho de volta a prainha da festa , que não sei se contei, mas era uma fazenda particular de coqueiros e portanto deserta, ônibus, 35 horas - de novo sem ar- e casaaaaaaaaaaaaaa.