Meu Novo Cotidiano

Em eterna metamorfose, jornalista, professora de inglês e série-maníaca à procura de seu lugar no mundo. Por ora, aqui, me preparando para o maior desafio de todos: ser mãe!

sexta-feira, janeiro 21, 2005

A PEDRA NO MEU SEIO

Cinco dias atrás senti um caroço no meu seio. Assustada, pedi ao meu médico particular, Dr. Juliano Cáceres, que fizesse um exame. Bingo, ele também o sentiu. Dois dias depois fizemos uma visista a uma amiga recém-operada de câncer na? Mama. Era o componente que faltava para que se instalasse o pânico e a paranóia. Nunca fui uma pessoa hipocondríaca, longe disso. Quando tenho algum problema de saúde, procuro resolvê-lo rapidamente e sem grandes dramas.Dessa vez foi um pouco diferente.
Senti medo. Pela primeira vez na vida temi a morte. Encarei de frente a peremptoriedade da vida e me assustei. Nasci sabendo que um dia iria morrer, mas na minha cabeça esse dia só chegaria quando eu já estivesse com o corpo cansado e a mente dando sinais de lentidão. De repente, sair de cena no auge de minha vida não fazia parte dos planos! Fui tomada de um medo real, de uma apego pela vida que eu não sabia possuir.
Hoje fui na gineco, que ao me examinar encontrou não um, mas dois nódulos. Mas tranquilizou-me dizendo que nesta idade eles só poderiam ser uma coisa: cisto, nunca câncer. De qualquer forma marcamos uma mamografia para desencargo de consciência, embora eu já tenha saído do consultório com o direito à vida devolvido.
O que fica disso tudo?
A consciência, agora plena e absoluta, de que inexoravelmente eu partirei. E que quanto mais preparada espiritualmente eu estiver, mais fácil será lidar com tudo isso. Difícil, não? Cada vez sinto mais falta de uma orientação espiritual ( me recuso a dizer religião), mas não consigo me imaginar dentro de nenhum tradição non-sense inventada por aí. Simpatizo demais com a filosofia budista, mas como tenho uma educação cristã, me confundo um pouco com a noção (ou falta) de Deus que eles têm. Eu quero criar my own belief. Será possível? Seguir alguns preceitos budistas, adaptando-os para minha vidinha mediocremente ocidental.
Desde que me mudei para Rib´s o tópico religião tem sido causa de conflitos internos. Meus sogros e cunhada são evangélicos, e tive que me desfazer de todo preconceito na marra. Acabei vendo um outro lado, o que foi bom; mas por outro fico ainda mais atenta aos exageros do fanatismo, e acredito mesmo que não tenha sido feita para me moldar ao cristianismo. Creio na existência divina de Jesus, mas não creio em tantas outras questões bíblicas, isso torna praticamente impossível que eu abra explicitamente meu ponto de vista. Me calo, mas não gosto de me calar. Enfim, são coisas da vida.
Enquanto isso, vou lendo a bibliografiado meu amigo Dalai Lama, que também tem um markting tão bom quanto dos evangélicos, mas que me transmite mais sinceridade, e o principal, não me cobra nada. Nem adesão ao budismo, e muito menos taxa! Me ensina a desenvolver a paciência ( hihihi, coitado) e a compaixão.
Estou tentado!!!