Três Nortes

Para aqueles que ainda visitam esse lugar , agora às moscas.

Meu novo blog, bem menos pessoal e agora escrito a quatro mãos:

http://www.tresnortes.wordpress.com/

Time to Let go

A vida é feita de ciclos que constantemente se iniciam e terminam. Algumas vezes numa velocidade assustadora, outras vezes num ritmo mais natural, sem pressa.
Para mim, o fim desses ciclos sempre foi um momento difícil. Não sou muito boa com despedidas, nem mesmo para coisas que já acabaram faz tempo.
A arte do desapego é um aprendizado constante e sinceramente não sei se é tangível para minha realidade. Mas continuo buscando.
Pois agora, me vejo frente a frente com o encerramente de mais uma jornada de minha vida. Em vários âmbitos é chegada a hora de dizer adeus, so long, farvel. It's time to LET GO!
Abandonar velhos hábitos, deixar para trás rotinas, planos, desejos e sonhos. E abraçar novos projetos, namorar possibilidades e sonhos. Trilhar novos caminhos! E sem olhar para trás com saudade ou nostalgia. Let go! Let go!

Altos e Baixos de morar no interior

UPS

Sair do trabalho e chegar em casa em exatos 3 minutos
Poder buscar o filho na escola só pra almoçarmos juntos
Estar a no máximo 20 minutos de distancia de qualquer ponto da cidade
Poder a ir a muitos lugares no mesmo dia
Sempre conhecer alguém em algum lugar que você for
Poder morar uma casa sem - muito- medo de violência
Qualquer coisa é motivo para sentar num boteco e tomar cerveja gelada
Dias de sol
Não lembrar o que é um congestionamento

DOWNS

Mercado de trabalho com poucas opções de emprego
Não ter sequer previsão de quando a Net digital chegará por aqui
Cinemas que só passam filmes blockbuster
Poder ir a muitos lugares na mesma noite, mas não ter muitos lugares para ir
Sempre conhecer alguém em algum lugar que você for ( sim, isso pode ser bom e ruim)
Qualquer coisa é motivo para sentar num boteco e tomar cerveja gelada ( juro que enjoa quando é a unica opção)
Dias de sol = muiiiito calor

Mais do mesmo

Em dias assim, me reconheço. A mesma de décadas, ainda assim diferente.

Coloco meu pescoço em risco em nome de emoção. Sentimental, busco a chama que me move e anda apagada.

Não sou a mesma. Tenho alguém que agora vem em primeiro lugar. Antes de mim! E de quem não posso esperar nada. Sequer um obrigado. Pois é sim minha obrigação. O ônus do melhor bônus da vida! E a lição que tento aprender é a de desapegar, desgrudar e ser novamente eu. A mesma, mas diferente.

Pausa para mim

Há muito, muito tempo não passo por aqui. Aliás não tenho passado em lugar algum que seja só meu. É como se um tornado tivesse revirado minha casa e eu estivesse tão ocupada arrumando as coisas e acabasse deixando o meu canto por último. Só que nesse caso o tornado trouxe alegria, e o tornado se chama Gael.

Jamais imaginei o quão profunda seria a vivência de mãe.Não sei se com todo mundo assim, mas se eu sou intensa nas menores coisas, imagine se não seria assim, na maior delas, a maternidade. Ser mãe me torna um ser humano melhor e mais voltado ao outro. Me esqueço, o foco não sou mais eu. Mas até que ponto isso é saudável? Não sei...

Sete meses depois, acho que já é hora de começar a olhar um pouquinho para dentro de mim. Forçar um espaço na agenda para pelo menos uma atividade física, tirar uma noite da semana para me divertir sem meu filho. Dar atenção e amor devido ao meu marido. Enfim, ser esposa e mulher por algumas horas da semana. Não é pedir demais, é?

A verdade e que tudo que faço é porque quero. Meu filho nem tem idade para fazer chantagem emocional ou carinha de cachorrinho que caiu da mudança. Ele não me pede nada, mas eu dou tudo. Porque não consigo não dar. Porque não quero negar nada. pelo menos por enquanto.

Ser mãe de um bebê é....

Ser mãe é ouvir ( ou imaginar) o choro do seu bebê onde quer que você esteja - mesmo que ele nem esteja no mesmo local

É esquecer como era usar sutiã sem absorvente de seio

É nunca mais dormir por mais de 3 horas seguidas

É se tornar expert em fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo

É doar um pouquinho ( ou tudo) de você para alguém

É viver com uma máquina fotográfica registrando cada nova conquista - por mais boba que seja

É trocar qualquer assunto para mostrar a foto ou descrever a última aventura do seu pimpolho

É deixar o marido meio de lado sem perceber, mas não se preocupar muito com as consequências

É falar sempre num tom abaixo do normal para não acordar o bebê

É nunca mais sair de casa com apenas uma bolsa

É chegar sempre atrasada em todos lugares

É esquecer de passar perfume só pra ficar sentindo aquele cheirinho gostoso do sabonete dele

É enxergar um pedacinho de você crescendo a cada dia

É o MAIOR exercício de amor e entrega

É a MELHOR coisa do mundo

Meu mais do que novo cotidiano

É realmente bem difícil achar tempo - e espírito- para escrever qualquer coisa minimamente elaborada. Ser mãe, antes de mais nada, te consome por inteiro. É um mergulho sem volta em uma vida em que a prioridade deixa de ser você. Ponto final.

Confesso que essa doação incondicional, essa entrega, esse desapego de mim mesma, me pertubaram profundamente de início. Sempre fui EU e agora somos nós. Para a vida inteira. Mas pouco a pouco nosso espírito fica em paz, como se finalmente tivesse encontrado seu lugar no mundo. Amor de verdade, sem esperar absolutamente NADA em troca. Você só sente isso ao ter um filho! É a mais pura expressão de amor no mais absoluto caos!

Esse é o lado emocional. Na prática, com um filho de dois meses, minha vida se mistura com a dele de tal forma que já não sei onde uma começa e a outra termina. Meus dias não têm mais 24 horas - e sim ciclos de 3 em 3 horas, onde as ações se repetem continuamente: mamar, arrotar, trocar fralda, brincar, colocar pra dormir ( torcer para conseguir), mamar de novo....

Num dia muito, muito feliz, ele dorme até as 5 da manhã direto e eu acordo a pessoa mais animada do mundo. Dormir uma noite inteira é um sonho distante, dormir por 5, 6 horas é uma meta, um objetivo a se alcançado em breve! As diversas tonalidades de cocô, as nuances do chorinho, os minutos mamando, os cochilos que acabam antes da hora. Tudo isso é assunto de alta prioridade na minha agenda. E cada nova etapa : acompanhar os movimentos com os olhos, colocar a mãe na boca, sorrir, levantar o pescoço, é motivo de celebração. O foco muda! Tudo muda! E eu, será que ainda sou eu?

Eu jamais serei a mesma. Sou a mãe do Gael, mudei pra melhor!!