CEMITÉRIO DE ANIMAIS
O título mórbido traduz fielmente em que minha casa se transformou! De um mês para cá meu namorado foi atingido por um surto consumista direcionado para o reino animal. E eu entrei na dança. Acho que estamos treinando para quando pudermos ter um filhote próprio ou então um de cachorro.
Pois bem, o primeiro, Dory, um peixe beta, habitou os mares lá de casa por apenas cinco dias, chegou mudo e saiu calado. Fui poupada do enterro, mas chorei mesmo assim. Lembanças de minha infância quando matei dois peixes lindos de tanta comida. Fiz funeral, enterrro e chorei uma semana.
Na mesma semana, Dory II toma seu lugar no aquário. Quietão, esquisitão. Em nada parecido com a descrição de um peixe beta. Na noite do seu sétimo dia percebo algo de errado com ele. Cutuco, jogo comida, coloco espelho. "Será que a água está muito fria?". Enrolo o aquário num pano de prato, acendo um abajur e nada. Ele começa a nadar de um jeito estranho, inclinado para a esquerda e sem muito sentido de direção. De repente, nada em direção às pedrinhas do fundo e lá permanece. E eu? Tive um ataque de nervos sem saber o que fazer com o cadáver ali à minha frente. Assistir à morte dele tinha sido um pouco demais.
Passado o trauma, Juliano insiste. Mas resolvemos partir para os mamíferos. Entre esquilos e as diversas cores e raças de hamster, ele escolheu um casal gay ao qual chamei Gabo e Guima. Amor à primeira vista. Fofos, minúsculos, pareciam de brinquedo. O Gabo foi mais fácil conquistar e logo estava andando em nossas mãos e braços, enquanto o Guima, arisco, apenas espreitava tudo de longe.
Pensa que paramos por aí? Não! Adquirimos mais um peixe beta, dessa vez lindo e animado. Só falta pular para pegar a comida. Alívio.
Um belo dia percebo que meu xodó ( Gabo) está com os dois olhinhos fechados, grudados. Jatobá mesmo. Judiação. Tento descolá-los e nada. Dia seguinte levo o bichinho, que está amuado, ao Pet Shop. A ida em si foi uma tragédia. Acabei levando a gaiola inteira, que numa freada tombou derrubando tudo no carro e assustando os pobrezinhos. Na loja, o vendedor experiente em dois minutos limpa os olhinhos e eles se abrem. Ok, viagem a 10km/h de volta para casa. Chegando lá, surpresa. Os olhos fechados de novo. Depois de uma hora na Net descubro que ele tem conjuntivite e passo água boricada e colírio. Mas... Não é só isso. Ele não está comendo mais nada e se cansa com poucos passinhos, Desesperada ligo em uma veterinária quase meia- noite! O quadro sugere uma infecção. Lá vou eu para a farmácia comprar antibiótico e aplicar com seringa. Adiantou? Nada. Piorou, agora o Gabo mas parava em pé, ou melhor, de quatro. Caía toda hora. Durmo com um olho aberto e outro fechado, checando seu estado a cada minuto. Dez e meia da manhã estamos no consultório veterinário. Diagnóstico: alguma doença neurológica e pouquíssimas chances de sobrevivência. Optamos por deixá-lo aos cuidados da doutora, que no dia seguinte me informou de sua morte.
Triste né?