Meu Novo Cotidiano

Em eterna metamorfose, jornalista, professora de inglês e série-maníaca à procura de seu lugar no mundo. Por ora, aqui, me preparando para o maior desafio de todos: ser mãe!

terça-feira, agosto 23, 2005

CEMITÉRIO DE ANIMAIS

O título mórbido traduz fielmente em que minha casa se transformou! De um mês para cá meu namorado foi atingido por um surto consumista direcionado para o reino animal. E eu entrei na dança. Acho que estamos treinando para quando pudermos ter um filhote próprio ou então um de cachorro.
Pois bem, o primeiro, Dory, um peixe beta, habitou os mares lá de casa por apenas cinco dias, chegou mudo e saiu calado. Fui poupada do enterro, mas chorei mesmo assim. Lembanças de minha infância quando matei dois peixes lindos de tanta comida. Fiz funeral, enterrro e chorei uma semana.
Na mesma semana, Dory II toma seu lugar no aquário. Quietão, esquisitão. Em nada parecido com a descrição de um peixe beta. Na noite do seu sétimo dia percebo algo de errado com ele. Cutuco, jogo comida, coloco espelho. "Será que a água está muito fria?". Enrolo o aquário num pano de prato, acendo um abajur e nada. Ele começa a nadar de um jeito estranho, inclinado para a esquerda e sem muito sentido de direção. De repente, nada em direção às pedrinhas do fundo e lá permanece. E eu? Tive um ataque de nervos sem saber o que fazer com o cadáver ali à minha frente. Assistir à morte dele tinha sido um pouco demais.
Passado o trauma, Juliano insiste. Mas resolvemos partir para os mamíferos. Entre esquilos e as diversas cores e raças de hamster, ele escolheu um casal gay ao qual chamei Gabo e Guima. Amor à primeira vista. Fofos, minúsculos, pareciam de brinquedo. O Gabo foi mais fácil conquistar e logo estava andando em nossas mãos e braços, enquanto o Guima, arisco, apenas espreitava tudo de longe.
Pensa que paramos por aí? Não! Adquirimos mais um peixe beta, dessa vez lindo e animado. Só falta pular para pegar a comida. Alívio.
Um belo dia percebo que meu xodó ( Gabo) está com os dois olhinhos fechados, grudados. Jatobá mesmo. Judiação. Tento descolá-los e nada. Dia seguinte levo o bichinho, que está amuado, ao Pet Shop. A ida em si foi uma tragédia. Acabei levando a gaiola inteira, que numa freada tombou derrubando tudo no carro e assustando os pobrezinhos. Na loja, o vendedor experiente em dois minutos limpa os olhinhos e eles se abrem. Ok, viagem a 10km/h de volta para casa. Chegando lá, surpresa. Os olhos fechados de novo. Depois de uma hora na Net descubro que ele tem conjuntivite e passo água boricada e colírio. Mas... Não é só isso. Ele não está comendo mais nada e se cansa com poucos passinhos, Desesperada ligo em uma veterinária quase meia- noite! O quadro sugere uma infecção. Lá vou eu para a farmácia comprar antibiótico e aplicar com seringa. Adiantou? Nada. Piorou, agora o Gabo mas parava em pé, ou melhor, de quatro. Caía toda hora. Durmo com um olho aberto e outro fechado, checando seu estado a cada minuto. Dez e meia da manhã estamos no consultório veterinário. Diagnóstico: alguma doença neurológica e pouquíssimas chances de sobrevivência. Optamos por deixá-lo aos cuidados da doutora, que no dia seguinte me informou de sua morte.
Triste né?

segunda-feira, agosto 01, 2005

SAPATEIRO MAL EDUCADO

Quinta-feira, cinco horas da tarde.

Estaciono meu carro em frenta a manicure e me lembro: - deixei minha sandália no sapateiro, preciso buscar. Chego toda sorridente e estico o braço com o papelzinho que deveria dizer onde fica minha sandália. Aliás, sandália companheira de raves por bons cinco anos, daquelas que a gente não consegue desapaegar mesmo que o estilo e a ocasião não combinem mais com ela.
- Senhor, minha sandália por favor.
Cinco minutos depois avisto algo que parecem minhas sandálias, mas me recuso a crer pois estão marrons de tanto pó.
- Nossa, como estão sujas né?
- Eu estou reformando a sapataria, não viu não?
- Maravilha, mas o senhor bem que poderia ter colocado num saquinho né?
- Só faltava eu ter que colocar todos os sapatos numa sacola. Minha filha, você deixou aqui por dois meses e vem reclamar? Não tá vendo que estou em reforma??
- Olha, me desculpe, mas não tenho nada a ver com isso. Só acho que o senhor deveria ter mais cuidado com os sapatos alheios.
- Olha, cliente que nem você eu não quero. Vai embora daqui! -
-!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
-Eu não preciso de você, você e nada para mim são a mesma coisa.
- Ah tá e eu devo precisar muito do senhor.
- Vai embora e não volta nunca mais. Estou reformando, não tá vendo?
- Gente! Só reclamei que minha sandália estava imunda. Só queria que o senhor limpasse e pedisse desculpas, mas pelo visto prefere perder um cliente.
- Já falei que não quero você aqui. Cliente como você eu não preciso. Leva essa sandália daqui e nem precisa voltar, aliás nem pagar.
- Pena que sou tão má cliente que paguei antecipado pelo teu serviço! Não vou voltar mesmo e vou fazer uma ótima propaganda daqui.
- Ah, vai catar coquinhos...


Sim, isso é uma história verídica, Alguém entendeu de onde vem tamanha fala de educação?